terça-feira, 11 de outubro de 2011

DIA DA CRIANÇA SEM BRINQUEDO

Meu pequeno com um brinquedo de um real e feliz da vida!

Chegou o “Dia das crianças” e com ele a loucura da corrida as lojas de brinquedo, com suas guerras de preços e prazos...

Neste último mês eu acompanhei entre 11h e meio dia o programa CADA COISA EM SEU LUGAR no Discovery Home & Health. O objetivo nesse programa é fazer as pessoas se desapegarem e desentulharem as coisas dos cômodos da casa da seguinte forma: triar o que é para jogar fora, o que dá para doar e que sobra para vender e arrecadar dinheiro para comprar móveis adequados para manter a organização e fazer melhorias nos ambientes.

Foi um importante exercício de observação onde pude constatar que as pessoas que mais tinham dificuldades em se desfazer de “tralhas” e objetos sem função, e que ficavam emocionalmente abaladas e culpadas por vender ou doar algumas coisas eram aquelas cujas mães, pais e avós incentivavam o apego material desde a infância.

Alguns tinham móveis ou roupas já desgastadas, coisas sem uitilidade, mas que não queriam se desfazer porque a mãe ia ficar triste, ou a avó ia se chatear, ou um amigo se ofender. Outros episódios tinham coleções de tranqueiras que essas pessoas iam ganhando de presente e não conseguiam pensar em ficar sem, mesmo com todas elas enfiadas em caixas de papelão. Eram coleções de unicórnios, bonecas, figurinhas, bonés e coisas que nem a imaginação mais fértil pode conseguir imaginar, como uma coleção de palmatórias.

O que eu quero dizer é que muitas vezes incentivamos e ensinamos as crianças a terem e acumularem coisas que elas nem querem ter, mas como somos as pessoas que elas confiam, acabam por achar que aquilo fará bem a elas e nos magoarão se quiserem se desfazer delas.

Posso dar um exemplo em casa, com meu filho mesmo.  Certa vez ele comprou meia dúzia se pacotes de figurinhas com umas moedinhas que ganhou e mostrou para a avó dizendo que ia colecionar com os dinheirinhos que ganhava. Em um mês, minha casa foi invadida por milhares de figurinhas. Acho que ela comprou umas duas mil figurinhas nesse período. Eu juntei tudo numa caixa de sapato e mandei para a casa dela dizendo que a coleção que ela estava ajudando a montar deveria ficar lá. Ela parou de comprar... mas só as figurinhas.

Um tempo depois estávamos em uma festa em algum amigo e ele achou algumas tampinhas de garrafa, mostrou para avó e a tia e alguns meses depois a carga de tampinhas era tanta a cada visita da vovó que eu não tinha mais onde guardar. A mesma coisa aconteceu com pedrinhas, Lego, Go-gos etc. 

O pior é que ele ainda se sente culpado e receoso das pessoas ficarem chateadas se ele se desfizer das “coleções”. É aí que nasce um “juntador” de tralha de “valor sentimental”. O que quero dizer no final das contas é que esse consumismo, esse materialismo, a mania de acumular podem vir da infância, pode ficar mais séria na adolescência e se agravar na vida adulta.

Então, pais, mães, avós, avôs, tias, tios, padrinhos e madrinhas, vamos ensinar a nossas crianças a doar o que não está mais servindo para brincar, a não se apegar a coleções, a manter o mínimo que possa ser útil na brincadeira do dia a dia. Nada de guardar a boneca que a tia avó deu, por consideração, mas que ninguém brinca. A consideração tem que estar no coração e não em uma peça.

No dia das crianças (que na minha opinião é todo dia), vamos dar de presente nosso tempo e atenção sincera, ouvir olhando nos olhos, levar ao cinema, ao teatro, ao parquinho, bater papo, gastar um tempo jogando um jogo de tabuleiro, exercitar a mente e o corpo e o afeto. Feche a carteira e a abra os braços.

Por um dia das crianças sem consumismo, sem brinquedos e com muito amor! 

http://educacaoambientalcontemporanea.blogspot.com/2010/09/o-dia-da-crianca-e-o-consumismo.htm

2 comentários:

Cristiane Iannacconi disse...

ótimo, Hegli!
é bem por ai mesmo... os avós e a bisa do meu pequeno são bem dificeis de controlar... a bisa não 'guenta nem esperar pelo Natal e deu vários presentes. O q posso fazer é ajudá-lo a separar brinquedos que ele já usou muito para doar.

Hegli disse...

Ai Cris, eu dei uma viajada nesse post, mas fiquei muito impressionada com o programa e vi isso acontecendo aqui em casa, debaixo do meu nariz...

Falei pro meu filho que se ele não aprender a se desapegar das coleções daqui a pouco estará em outra categoria de programa, ACUMULADORES, kkkkkk.

Bjão